05 de Maio de 2020 0 comentários
Se dedicar a uma atividade artística é uma ótima maneira de exercitar a criatividade e descobrir novas habilidades. E a colagem manual é uma boa opção por ser uma prática que exige recursos muito simples pra ser executada. Com materiais que muitas vezes já temos em casa é possível alcançar resultados muito diversos ao explorar a técnica.
E pra dar dicas de como criar suas próprias colagens, contamos com a ajuda de três artistas. Eles compartilharam um pouco da sua experiência e deram algumas dicas pra te incentivar a botar a mão na massa.
1 – LILI OLIVEIRA
A primeira delas é Lili Oliveira, de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Ela tem 35 anos de idade e trabalha com colagens há três anos. Lili atua como designer, colagista, artista plástica e fotógrafa. O corpo humano e a vegetação são elementos constantes em suas obras.
2 – FELIPE MARQUES
Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o artista Felipe Marques, de 28 anos, também dividiu sua experiência com a gente. Felipe teve seu primeiro contato com a colagem durante a graduação em Design de Moda, em 2016. Na época ele já ilustrava, mas foi em 2018 que começou a trabalhar com a técnica. Suas colagens são multicoloridas e cheias de sobreposições.
3 – LUIZA BIÉ
E por último temos Luiza Bié, de 36 anos, que é de João Pessoa, na Paraíba. Sua área de formação é Gastronomia, mas ela trabalha com fotografia, bordado livre e se dedica à colagem há cerca de um ano e meio. Ela utiliza recortes de revistas, jornais e fotografias em suas composições visuais.
Perguntamos aos três sobre seus processos, materiais e orientações gerais pra criação de colagens manuais. E então reunimos esse conteúdo em quatro dicas principais que você pode acompanhar a seguir.
COMO FAZER UMA COLAGEM MANUAL? PASSO A PASSO
1 – ESCOLHA OS MATERIAIS
Pra começar, separe alguns materiais básicos. A artista Luiza Bié utiliza tesoura de ponta fina, cola transparente, base de corte, estilete de precisão e régua no seu processo de criação. Qualquer ferramenta pode gerar resultados interessantes, então se atente às possibilidades de cada objeto.
O método de fixação também é um ponto importante. Felipe Marques indica a cola de isopor para trabalhar sobre papel: “Diferente da cola branca, ela é mais espessa e não enruga o papel. Além disso, é uma cola que seca mais rápido e permite que o trabalho seja mais preciso”, ele diz.
Mas além da cola, também é possível utilizar diferentes métodos para aderir os materiais às superfícies. E a maneira como você os aplica também pode gerar resultados diferentes.
Segundo o site Artsy, “Se você está pensando em métodos alternativos para aderir materiais, como grampos, linha e agulha ou fita adesiva, verifique se possui uma base que suporte esses métodos. Por exemplo, se planeja costurar fotografias no suporte ou bordar sua colagem, convém escolher um que não seja muito grosso ou denso, como papel ou tela”.
2 – ENCONTRE O FUNDO PERFEITO
É importante prever o tipo de superfície que você gostaria de trabalhar. E pra facilitar essa decisão é possível pensar nos materiais que você pretende utilizar.
Caso prefira colas menos líquidas ou métodos alternativos de fixação, muitas superfícies podem se adaptar ao seu trabalho. Mas se pretende utilizar colas ou outros materiais mais líquidos, madeira ou telas podem ser bons suportes. Luiza Bié diz que normalmente utiliza como base o próprio papel ou uma tela, por exemplo.
Antes de comprar diferentes tipos de papéis, que tal dar uma olhada nos que você já tem? Felipe Marques conta que, quando se trata de colagem, qualquer tipo de papel é válido. O artista recomenda recortar páginas de revista e separá-las por cor. Dessa forma é possível obter papéis coloridos sem necessariamente precisar comprar blocos de folhas.
Também é possível utilizar publicações impressas antigas, como jornais e revistas, pedaços de tecido ou fotografias. E se não encontrar exatamente o que você quer, imprimir imagens pode ser uma boa opção.
Todos esses recursos podem ser usados para criar o fundo da sua colagem manual, e a partir dele é possível começar a imaginar como será a sua composição.
3 – ORGANIZE SUA COMPOSIÇÃO
A flexibilidade é uma das grandes qualidades da colagem. É possível experimentar diversas composições antes de decidir a criação final.
Nessa etapa existem vários direcionamentos que você pode adotar. O processo de Lili Oliveira, por exemplo, é bem intuitivo: “A primeira dica que dou pra quem quer começar é não ter medo de arriscar”, ela diz.
Lili também conta que nem todos os dias se sente inspirada ou com uma ideia pronta na cabeça, e que a maior parte das suas colagens, portanto, surgem intuitivamente: “Eu deixo fluir com os recortes, e na hora que tô folheando revistas ou livros eu tento transferir o sentimento daquele momento”.
Se estiver muito difícil agrupar os elementos, estabelecer critérios para reuni-los pode ser uma boa opção. Felipe Marques utiliza o círculo cromático para entender os contrastes que quer representar em suas obras. E isso o ajuda a decidir sobre onde posicionar cada fragmento da colagem.
Além disso, Felipe também indica a sobreposição de camadas na hora de organizar a composição: “Podemos sobrepor camadas de cores similares, criando um degradê, por exemplo. Se trabalhamos apenas com uma cor, as camadas são importantes para que a obra não fique ‘plana’, para que seja possível definir e limitar as formas presentes no trabalho. As camadas reforçam a sensação de profundidade”, conclui.
Luiza Bié reforça que o momento de organizar a composição pode ser bem experimental. Ela considera que criar colagens consiste em “quebrar, fragmentar, cortar, desconstruir, destruir, decompor uma imagem. E ao mesmo tempo escolher, selecionar, priorizar, ordenar, planejar, organizar, reunir, integrar”.
4 – LIBERTE-SE
Cada artista possui diferentes formas de trabalhar, mas o que todos concordaram é que o processo de criação deve ser livre de amarras e do medo de errar.
Lili Oliveira afirma que conhecer o trabalho de outros colagistas pode ajudar bastante na busca por inspiração, mas ressalta que é preciso ter consciência de que se inspirar é diferente de copiar.
A artista ainda complementa que não existe certo, errado ou feio na colagem: “Mesmo com toda a técnica por trás, acredito que existe um sentimento a ser transferido com os recortes. Eu acredito muito na força da mensagem através da arte. Então, por que não ser livre nesse processo?”, ela diz.
Felipe Marques indica esquecer o lápis e ir direto pro recorte, deixando a tesoura guiar a mão. “O papel aceita qualquer intervenção, então qualquer forma que você retirar dele pode ser interessante e pode ser reconfigurada diversas vezes. Deixe o que você está sentindo guiar sua mão e sua tesoura”.
Luiza Bié diz que uma dica que pode dar para quem está começando é seguir seu coração. Como toda arte, ela defende que a colagem se trata de sensibilidade, expressão de sentimentos, de desejos, emoções e ações.
Via: FTC
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